Almirante Edlander Santos, que veio a Macapá para a transição na Capitania dos Portos do Amapá |
Um militar diferenciado, de fala mansa e muito espirituoso. Estas são as primeiras impressões do Blog Soamar Amapá a respeito do novo comandante do 4º Distrito Naval, comando a que está subordinada diretamente a Capitania dos Portos do Amapá. E foi logo depois de presidir a cerimônia de transmissão do Comando da Capitania que ele recebeu o editor do Blog, jornalista Cleber Barbosa, para uma conversa exclusiva e muito franca. Acompanhe o que ele disse a seguir:
Soamar Amapá – Almirante, o senhor cumpre a honrosa missão
de vir presidir a troca de comando aqui na Capitania dos Portos do Amapá,
quando também acaba de assumir o 4º Distrito Naval. Vê como esse novo momento
da Marinha o Brasil aqui na Foz do Amazonas?
Almirante Edlander – Primeiro gostaria de dizer que para mim
é uma grande alegria poder na cidade de Macapá e Santana, nesse grandioso
Estado do Amapá, o qual eu não conhecia. Está me surpreendendo muito. Realmente
a Marinha desenvolve aqui uma ação muito importante na segurança da navegação e
principalmente eu acredito que cada vez mais a atuação da Marinha vai ter um
protagonismo cada vez maior tendo em vista principalmente que essa região Norte
do país inevitavelmente é a solução para desengarrafar o Sul no que diz
respeito às nossas exportações de grãos. É um corredor natural, vai aumentar a importância
da navegação e por consequência aumenta a importância da Marinha na região. Nós
estamos fazendo essa transição agora, que é uma transição de rotina, mas os
desígnios na Marinha são decididos sempre pela Alta Administração Naval, então
são sempre gestões diferentes, mas dando continuidade aos grandes planos da
Marinha.
Soamar – A sociedade aos poucos vai tomando conhecimento do
quão difícil é a missão da Marinha, de conjugar esse binômio, do lado
operacional, mas também desse braço social, como as ações cívico sociais, que
no seu comando deverão ser mais do que ratificadas não é?
Edlander – É, nós nos preocupamos com isso também. A razão
da Marinha é a sociedade brasileira, é o seu povo. De um lado, pelo aspecto
operacional, nós temos que contribuir para a defesa do país que é a defesa de
toda a população. Por outro lado nós temos uma magnífica estrutura logística
que não pode ficar ociosa esperando por uma ação de crise, então nós
aproveitamos com muita satisfação essa nossa logística para atender a população,
principalmente aquelas mais carentes com nossas ações sociais, nossos
atendimentos médicos-odontológicos.
Soamar – A gente já sabe que uma das novidades do seu
comando a partir dessa preocupação com o lado social, o senhor tem um projeto
voltado para o Navio-Auxiliar Pará, que dispõe de um mamógrafo a bordo e que
realiza um grande trabalho de prevenção ao câncer junto às mulheres
ribeirinhas. A ideia agora é transmitir essas imagens para o hospital. A
quantas anda esse projeto Almirante?
Edlander – É, está bem encaminhado. Nós esperamos na próxima
semana concluir os testes que vão permitir que o navio Pará transmita as
imagens do mamógrafo para o nosso Hospital em Belém, de forma que o
especialista, o radiologista que temos lá em Belém, possa dar de imediato e sem
muita demora um pronto diagnóstico.
Soamar – O Comando do Exército acaba de anunciar que Macapá
será sede de uma Brigada Militar, que será chamada Brigada da Foz, o que fará
com que o efetivo do Exército Brasileiro no Amapá dê um salto dos atuais 830
militares para algo em torno de 3 mil integrantes. É possível que com esse
aumento da presença do Estado brasileiro nesta região a Marinha também aumente
seu efetivo por aqui?
Edlander – Eu acho que sim. Porque é de se esperar que
aumente, não um aumento nessa magnitude, mas um aumento progressivo, de acordo
com o aumento principalmente no fluxo das nossas vias navegáveis. É importante
esclarecer que dentro da forma com que a Marinha se prepara, com que a Marinha
se distribui no território nacional, ao contrário do Exército, que sua força é
representada pela quantidade localmente admitida, a Marinha concentra no Rio de
Janeiro suas principais forças de combate, seus navios de combate, seus
submarinos, helicópteros, seus aviões e em caso de necessidade desloca esses
meios para a região que por venture estiver em crise. Diferente um pouco do
Exército que precisa ter, pois não tem a mobilidade necessária, daí terem a
necessidade de sempre ter uma quantidade para fazer frente a eventuais ameaças.
Na Marinha a gente fica com um pequeno grupo que são os Distritos Navais, com
alguns meios à disposição e quando necessário recebem os apoios da Esquadra do
Brasil.
Soamar – Já que estamos falando das outras Forças Armadas, a
Aeronáutica aqui no Amapá também tem um efetivo mínimo, em contrapartida tem
equipamentos instalados aqui de ponta, do Sistema de Vigilância da Amazônia, o
SIVAM. Essas informações são compartilhadas também com a marinha?
Edlander – Compartilhamos. O SIVAM tem um braço aqui, mas
você tem a sede do SIVAM em Brasília, temos em Belém, em Manaus e
compartilhamos sim essas informações que são fundamentais. Não é por outra
razão que o Exército está desenvolvendo o seu sistema SIFRON, que vai controlar
toda a fronteira seca e a Marinha acabou de formatar o seu SISGAAZ, que é o
Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, que vai controlar os 4,5 milhões de
quilômetros quadrados de área marítima pertencentes ao país.
Soamar – Para a gente terminar com um tema mais ameno
Almirante, o senhor é tido como espirituoso e até bem humorado para essas
coisas. Quando em visita a quarteis do Exército o senhor é sempre saudado com o
brado “Selva!”. É verdade que certa vez decidiu responder com um brado de “Água!”?
Edlander – É verdade... [risos]
Soamar – E no jantar em Macapá oferecido pela Soamar o senhor disse mais, que o Exército é Brasileiro, que a Força Aérea é brasileira...
Edlander – Mas a Marinha é do Brasil! [mais risos]
Perfil do Entrevistado
Entre os cargos assumidos pelo novo
comandante está o de capitão dos portos fluvial da Amazônia Ocidental,
vice-diretor do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, subchefe de
Operações do Comando de Operações Navais, comandante do 6º Distrito Naval,
comandante da Primeira Divisão da Esquadra, subchefe de Organização e Assuntos
Marítimos do Comando de Operações Navais e diretor do Departamento de Pessoal,
Ensino e Cooperação do Ministério da Defesa.
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