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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Tragédia do barco Novo Amapá completa 35 anos. E segue um mistério.

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No dia 6 de janeiro de 1981, o barco Novo Amapá, que transportava mais de 600 passageiros, naufragou
Por Jéssica Alves, do Jornal do Dia 

Há exatos 35 anos a população amapaense recebia as notícias de que um barco havia virado no Rio Cajari, a caminho do município de Laranjal do Jarí. Dois dias depois começavam a chegar os primeiros corpos e só aí se percebeu o tamanho da tragédia, um dos maiores naufrágios da história amazônica.
No dia 6 de janeiro de 1981, o barco Novo Amapá, que transportava mais de 600 passageiros, naufragou após partir do então Território Federal do Amapá em direção ao Pará.
A viagem durou aproximadamente sete horas até que a embarcação tombou próximo ao município de Monte Dourado (PA).

Informações da Capitania dos Portos apontam que o barco tinha capacidade para transporte de 400 pessoas e meia tonelada de mercadoria, mas naquela trágica tarde o Novo Amapá deixou o porto de Santana com 650 passageiros e quase uma tonelada de carga comercial, fato que é tido até hoje como o principal motivo da tragédia que vitimou mais de 400 pessoas.
A tragédia demorou 24 horas para se tornar notícia na região e cerca de 48 horas para ganhar as manchetes do mundo. O New York Times de 10 de janeiro estampava em sua primeira página o título “Tragédia na Amazônia: 282 mortos” e a revista Veja de 18 de janeiro de 1989 voltou a tocar no assunto quando publicou matéria sobre a embarcação Novo Amapá, que agora navegava com o nome de Santo Agostinho.
O estudante de jornalismo Wanderson Viana produziu no fim do ano passado um documentário de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) relatando sobre a tragédia, na visão de diversos jornalistas que cobriram os fatos, como Humberto Moreira, João Silva, Paulo Silva, Sebastião Oliveira, Fernando Canto e Júlio Duarte.
Segundo eles, relatos de sobreviventes dão conta de que o Novo Amapá demorou cerca de 20 minutos para naufragar, mas como muitos estavam dormindo a tragédia só foi percebida pela maioria quando a embarcação já estava sendo inundada. “Este foi um fato traumático para muitos e meu trabalho buscou a memória dos jornalistas, também objetivando mostrar para novas gerações sobre essa tragédia, que até hoje permanece um mistério. Não tem relatos, não se encontrou culpados e nem quantas pessoas morreram”, aponta o estudante.
Memorial
No ano de 2014, a prefeitura de Santana realizou a construção de um memorial destinado às mais de 300 vítimas do naufrágio do barco Novo Amapá, ocorrido em 1981. A tragédia ‘deve ser lembrada como um dia para homenagens e reflexões’, segundo destacou o prefeito da cidade Robson Rocha, durante a abertura do memorial.
A desocupação das valas comuns onde há centenas de corpos de vítimas do naufrágio está relacionada à reivindicação da população que, segundo o prefeito, é obrigada a sepultar familiares nos cemitérios da capital por causa da superlotação no cemitério santanense. “A ideia é angariarmos esses espaços para que a comunidade possa enterrar seus entes queridos, sem afetar a memória das vítimas do naufrágio”, acrescentou o prefeito.

Peça teatral
Estreado em 2012, o Novo Amapá volta ao palco do Teatro das Bacabeiras na noite de 7 de janeiro para relembrar a tragédia do naufrágio do barco Novo Amapá. Pelo quarto ano consecutivo o Grupo Eureca e Cia Supernova de Teatro Experimental remexem uma ferida aberta no peito dos amapaenses com a peça Novo Amapá. Neste ano, a montagem ocorrerá no dia 17 de janeiro.
O espetáculo teatral é olhar artístico e sobre o maior naufrágio fluvial da história brasileira. A montagem é baseada no texto “Triste Janeiro” do jovem ator e dramaturgo Joca Monteiro que através de poemas homenageia todos os envolvidos naquele acontecimento. Neste ano, Jones Barsou estreia como diretor de encenação inserindo musicalidade ao tema.
Além da poesia, o trabalho tem influências do teatro físico, conta ainda com inserção de vídeos e é construída por meio de diversos processos de experimentações artísticas coletivas. Na peça o público é conduzido a viajar nos sonhos e encantos da infância, onde o “puc puc puc” dos barquinhos dão ao homem o prazer da libertação e as águas tornam-se a porta para descobertas e anseios de “palmo a palmo” conquistar o mundo. Na luta por este sonho, o homem se torna coisa, carga, engrenagem de um sistema mecânico que o explora de todas as formas e nos acontecimentos mais corriqueiros.
O lirismo do texto é observado durante toda a peça e se destaca em dois momentos: ao abordar a morte, tem-se o foco narrativo vindo de uma criança; e como homenagem explícita a todos que de algum modo foram tocados por aquele sinistro, em um tom quase de epílogo, o eu lírico evoca diversos heróis: em sua maioria anônimos que prestaram socorro às vitimas, mas que nunca foram reconhecidos por estes atos de humanidade.

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