Este Blog é destinado a compilar ideias, pensamentos e notícias que ajudem a se saber mais a respeito da Marinha do Brasil, por iniciativa da Sociedade Amigos da Marinha, no Amapá. A Soamar-AP é composta por personalidades agraciadas com a Medalha "Amigo da Marinha", além do corpo de oficiais da ativa, da reserva e de seus sócios Beneméritos e Honorários.

Segurança da Navegação

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Ordem do Dia do Comandante do Navio Patrulha Amapá, que chega hoje aos 40 anos na Armada.




Nos anos 70, o Mundo assistia uma desregulamentação do sistema monetário internacional com a crise do petróleo, o Reino Unido elegia Margareth Thatcher como Primeira Ministra Britânica em uma Grã-Bretanha em declínio econômico em meio a crises no setor financeiro e os Estados Unidos retornavam suas tropas do Vietnã com o peso da derrota contra um aliado da ex-União Soviética. 
 Vivíamos no Brasil um alavancamento industrial sem precedentes, sob o slogan "Ninguém segura este País", fruto do Milagre Econômico brasileiro, um PIB crescendo de 7% a 13% ao ano, um aumento significativo na nossa infraestrutura, maior oferta do nível de emprego proporcionado pelos investimentos no desenvolvimento industrial, em especial no setor de siderurgia, geração de eletricidade, indústria petroquímica e constrói a maior ponte de concreto do hemisfério sul, ligando duas importantes regiões metropolitanas, Rio e Niterói e a inaugura em março de 1974. No campo dos esportes, o Brasil de Pelé era tricampeão mundial de futebol na Copa do Mundo do México em
1970. Na década de 70, construímos no AMRJ, 02 fragatas Classe "Niterói", 06 NaviosPatrulha Costeiros Classe "Piratini", 02 Navios-Patrulha Classe "Pedro Teixeira", 03 EDCG e simultaneamente no estaleiro Mac Laren, em Niterói-RJ, estavam sendo construídos os NPaFlu Classe “Roraima”, com projeto desenvolvido pelo ContraAlmirante (EN) Jorge Alberto Marques Vasquez.
 Nesse contexto, tínhamos no timão de nossa Instituição o Ministro da Marinha, Exmo. Sr. Almirante-de-Esquadra Geraldo Azevedo Henning, que como meta impulsionou indústria naval, desenvolvendo projetos de navios de guerra mais modernos e adequados ao cumprimento das tarefas atribuídas pela Marinha do Brasil.
 O nome do Navio é uma homenagem ao Estado brasileiro do Amapá, sendo também uma árvore amazônica da família das apocináceas (Harcónia Amapá). É o terceiro navio da Marinha do Brasil a ostentar este nome, sendo os outros dois a Canhoneira Fluvial Amapá e Canhoneira Amapá, tendo servido também sob o Comando da Flotilha do Amazonas no início do século XX.
 A incorporação do Navio-Patrulha Fluvial “Amapá” à Armada, ocorrida há exatos 40 anos, representa um ponto de inflexão no conceito de se alcançar os extremos navegáveis na Amazônia, pois aliado aos registros históricos dos demais navios da mesma Classe, pode apresentar marcas de ineditismo na navegação, desbravando águas ainda não alcançadas na época por Navios da Marinha do Brasil. 
               Nesse momento, é por dever de justiça, que rendemos as nossas homenagens ao
Sr. Walter Miguel da Costa, Mestre do estaleiro Mac Laren na construção do NPaFlu “Amapá”, esse homem transformou o suor do seu rosto em um consagrado Navio da nossa Marinha. O senhor Walter, pai do CMG Ivan Barros da Costa, ex-Comandante da Flotilha do Amazonas entre os anos de 1992 e 1994, ainda hoje labora na Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental emprestando sua grande experiência profissional para o cumprimento da missão daquela OM.  
 Além disso, devo rememorar o espírito desbravador do Comandante César Ricardo Cristalli e tripulação do “Patrulheiro da Amazônia” ao navegar entre as Bacias do Amazonas e Orinoco em junho de 1982, atingindo um novo ponto extremo navegável a cidade de San Fernando de Atabapo (Venezuela). Tal feito foi enfrentado com diversas dificuldades como as cachoeiras de São Gabriel da Cachoeira no Rio Negro, fortes correntes do Canal do Cassiquiare, a corredeira de Santa Bárbara no Rio Orinoco em rios pedregosos e pouca profundidade.
 Os 40 anos do NPaFlu “Amapá” na Amazônia são traduzidos em 4.072 dias de mar e 454.064,9 milhas navegadas em inúmeras ações de Patrulha-Naval, Busca e Salvamento, Operações Ribeirinhas, Ações Civico Sociais (ACISO) e Assistências médico-odontológicas em comunidades ribeirinhas, levando a presença do Estado brasileiro em regiões de difícil acesso e algumas vezes isoladas. Além disso, nosso Navio vem operando em conjunto com o Exército Brasileiro, Força Aérea Brasileira, outros Órgãos Federais, Estaduais e Municipais, além de operar com as Marinhas amigas do Peru, Colômbia e Equador em perfeita sinergia.
 Todo o esforço operativo não seria possível se não contássemos com o apoio irrestrito do Comando do 9º Distrito Naval desde os tempos do Comando Naval da Amazônia Ocidental, Comando da Flotilha do Amazonas, Estação Naval do Rio Negro,
Batalhão de Operações Ribeirinhas, Centro de Intendência da Marinha em Manaus, 3º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral, Policlínica Naval de Manaus e a vibração e entusiasmo pela Marinha do Brasil que nos contagia dos nossos companheiros soamarinos, em especial a SOAMAR-AP com o Presidente em exercício Sr. Glauco Cei e do jornalista Sr. Cléber Barbosa.
 Nesses 40 anos do Navio subordinado ao Setor Operativo, o Brasil passou por mudanças políticas profundas e crises econômicas como a que passamos atualmente, entretanto, se não fosse o profissionalismo, dedicação, criatividade e a capacidade de inovar dos nossos marinheiros, desde o grupo de recebimento em 1976 até os dias de hoje, não teríamos assegurado e aprimorado as nossas capacidades operativas em sua plenitude ao longo do tempo, bem como subsidiar o planejamento para a aquisição de equipamentos modernos de navegação, comunicações e eletrônica embarcada.
 Enfim, traduzo o “Patrulheiro da Amazônia” como um Navio com grande capacidade de manobra, pequeno calado, motores de elevada confiabilidade e potência, armamentos capazes de salvaguardar os interesses nacionais nos rios transfronteiriços e principalmente, ter em seu guarnecimento militares com espírito desbravador e guerreiro e que quebram paradigmas, assim como os patrulheiros que tripularam este Navio no passado, vislumbrando continuamente o aprimoramento da razão de ser do nosso barco, a Patrulha-Naval nos rios da Amazônia. 

 “PATRULHAR, PROTEGER E INTEGRAR”
LUIZ CARLOS CALVO DOS SANTOS JUNIOR
Capitão-de-Corveta
Comandante


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