Dois dos três pilotos do voo Air France 447 que caiu no Oceano Atlântico em junho de 2009 enquanto ia do Rio de Janeiro a Paris estavam dormindo até poucos minutos antes do avião se chocar contra a água e matar as 228 pessoas a bordo.
É o que emerge de uma investigação publicada na edição de outubro da revista britânica Vanity Fair.
Registros das gravações das conversas na cabine de comando mostram que David Robert, 37 anos, e Marc Dubois, 58, foram descansar e deixaram o Airbus A330 nas mãos do menos experiente dos três, Pierre-Cedric Bonin, de 32.
Neste momento, a aeronave enfrentava uma forte tempestade tropical, que acabou congelando as sondas de velocidade do avião chamadas de tubos de pitot.
Com isso, o Airbus passou a sofrer perda de sustentação, ou estol. Quando isso acontece, os pilotos devem baixar o nariz da aeronave, e não levantá-lo, como teriam feito.
Pouco mais de um minuto e meio após o problema com os tubos de pitot, Dubois finalmente entrou na cabine.
Em seguida, Robert disse: "F***, nós vamos bater! Isso não é verdade! O que está acontecendo?".
Logo depois, ou ele ou Bonin afirmou "F***, estamos mortos". Poucos segundos mais tarde, o avião atingiu o oceano. "Se o capitão [Dubois] tivesse ficado na sua posição durante a tempestade, ele teria atrasado seu cochilo em não mais do que 15 minutos, mas, por causa de sua experiência, talvez a história tivesse um final diferente", declarou à Vanity Fair o investigador-chefe do caso, Alain Bouillard.
"Mas eu não acredito que ele tenha saído por causa de fadiga. Isso era um comportamento usual, parte da cultura de pilotagem da Air France. E sua saída não estava contra as regras", acrescentou.
A Air France e a Airbus serão levadas a julgamento na Justiça francesa pelo crime de homicídio involuntário.
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